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Artes Visuais

A ARTISTA QUE SÓ PINTA MULHERES

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Por Reynivaldo Brito

Seu nome artístico é Tereza Mazzoli nascida na cidade de Nova Canaã, no interior da Bahia e iniciou sua carreira em 1999. Confessa ser “apaixonada por explorar as infinitas possibilidades que as cores e formas oferecem para expressar a complexidade da alma feminina”. Sua arte parece mesmo ser feita de imagens refletidas num espelho do tempo onde ela retrata as suas vivências e emoções. Cada pincelada que dá e as cores que escolhe ajudam a compor esta narrativa poética apresentando a nós a essência feminina. Sua linguagem é contemporânea e tem uma predileção especial de só pintar figuras femininas. Segundo a Tereza Mazzoli estas figuras que aparecem com um jeito angelical em cores terrosas são mulheres que conheceu pela estrada da vida e que pode conviver e saber um pouco de suas histórias de vida. Portanto, “é uma homenagem à força, à resiliência e a graça que encontro nas mulheres ao meu redor, e nas diversas mulheres outras que habitam em mim”, diz Tereza Mazzoli. Fui encontrá-la no bairro do Carmo, em pleno Centro Histórico em Salvador, num casarão colonial onde tinha seu ateliê de nome Atelier 29, o qual passou recentemente para um artesão ED e foi rebatizado para Atelier 72, que corresponde ao número o imóvel na nomenclatura oficial da Rua Direita do Carmo. Isto porque já está de malas prontas para ir morar em Viena, na Áustria.

Mais mulheres pintadas de Tereza

Sua introdução na arte começou com a restauração de móveis antigos. Com a disposição que lhe é peculiar decidiu iniciar outra atividade e começou restaurando os próprios móveis e de conhecidos. Foi quase uma intuição natural e até hoje dedica uma atenção especial ao mobiliário antigo. Fez um curso de arte na Escola Panamericana, quando morava em São Paulo. Veio para Salvador foi quando conheceu a artista Sandra Lopes e fizeram amizade e passou a desenhar e pintar. Fez alguns cursos livres no Museu de Arte Moderna da Bahia – MAMB. Já tinha algumas obras prontas e resolveu sair para vende-las e no trajeto encontrou uma senhora que adquiriu as três telas que carregava. As coisas apertaram quando morava no bairro Patamares, em Salvador, e em parceria com o artista Rui Oliva montaram um ateliê na Rua Minas Gerais, no bairro da Pituba, em Salvador. Fizeram uns panfletos e distribuíram anunciando um curso de pintura que foi ministrado por Rui Oliva. Enquanto ela dava apoio e continuava pintando e comercializando suas obras e assim as coisas foram melhorando. Com o artista peruano Cholo, que residia no Centro Histórico, aprendeu a trabalhar com espátula, aí foi se entrosando no meio artístico da Bahia. Quando Leonel Mattos criou o Sindicato dos Artistas Plásticos da Bahia começou a frequentar as reuniões tornou-se membro e em seguida passou a ajudar nas atividades administrativas da entidade. A Tereza Mazzoli tem uma perspicácia especial e sempre está atenta para aprender coisas novas. Uma pincelada diferente, uma composição enriquecedora da obra, enfim procura observar e retirar algo de positivo para o seu fazer artístico.

SUA TRAJETÓRIA

O nome de batismo é Tereza Angélica Santos Souza, nasceu em 14 de setembro de 1954 na fazenda As Piabas, no município de Nova Canãa, no interior da Bahia. É filha de Aristodemene Alvarenga Santos e Tercília Rosa de Jesus. Seu pai era um abastado fazendeiro de cacau, de descendência grega, enquanto sua mãe era índia, e na sua tribo chamada de Cotia. Se conheceram quando o pai da Tercília foi trabalhar de meeiro na fazenda do Aristodemene. Ela tinha apenas quinze anos de idade. Naquela época era muito comum mulheres bem jovens, porque não dizer, crianças, casarem-se com homens bem mais velhos e experientes. Também isto aconteceu com meu avô que já estava com 35 anos quando se casou com minha avó de quinze anos de idade. Ela disse que sua mãe lhe relatou que a tribo a qual ela pertencia passou a ser nômade com a chegada dos colonos que passaram a cultivar as terras onde antes viviam. Foi quando houve a expansão da cultura do cacau na Bahia.
Quando a notícia do relacionamento chegou ao seu avô ele mandou dois de seus irmãos armados com espingardas de repetição buscá-la na Fazenda As Piabas. O Aristodemene não se intimidou partiu ao encontro deles e quase houve um confronto trágico. Ao chegar os irmãos empunharam suas espingardas de repetição Winchester e o Aristodemene também empunhou a sua. Houve um diálogo ríspido foi quando sua mãe Tercília que já estava na garupa de um dos cavalos dos irmãos voltando para a tribo desceu e montou no cavalo do Aristodemene. Tereza Mazzoli disse ainda que sua mãe também contou que os índios respeitam muito a opção de cada um. Se quer ficar que fique. Também seus parentes nunca mais a procuraram. Neste interim aconteceu um fato interessante é que sua mãe indígena o que mais lamentava é que durante este entrevero ela perdeu uma latinha de talco Gessy, que tanto gostava.

Aos oito anos de idade seu pai levou para São Paulo ela e uma irmã e foram criadas pela madrasta, que era a esposa do Aristodemene. Sua mãe permaneceu na Fazenda As Piabas e depois foi morar em Vitória da Conquista. Aos 15 anos saiu de casa e foi morar com seu primeiro marido, o que deixou seu pai frustrado já que queria que se formasse em Direito, como a maioria dos filhos. Depois de alguns anos o relacionamento se desfez e no segundo nasceu seu primeiro filho o Rui Neto, que reside em Florianópolis. Passou a trabalhar na Joalheria Tolentino, em São Paulo, chegando ao cargo de gerente. Veio o terceiro relacionamento com um italiano, daí o sobrenome Mazzoli, que durou 26 anos e nasceu sua filha Paloma. Vieram para Salvador e aqui se divorciaram. Disse, decidida como sempre, já que está iniciando o seu quarto relacionamento e espera que seja o último. O seu novo parceiro austríaco mora em Viena e já esteve por lá e conheceu a sua família. Ele montou um ateliê para Tereza na casa onde mora, inclusive ela pintou alguns quadros e vendeu a amigos do casal. Resta, portanto, partir em meados de janeiro do próximo ano para nova aventura. Assim ela vai continuar a pintar as mulheres que diz terem personalidades e almas. “São todas as mulheres que habitam em mim. Elas carregam o que tem dentro de mim”, diz Tereza Mazzoli. Que venham novas obras e que seja feliz!

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