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Politica

Entrevista com Ismael Ferreira

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Eduardo Frederico entrevista Ismael Ferreira

Ismael Ferreira – A mesma de antes de ter estado prefeito e a mesma de quando estive na gestão. Acordar cedo e começar trabalhar às 7 h. da manhã sem horário pra parar. Eu gosto muito de trabalhar, minha vida toda foi assim, desde quando morava no Peixe (onde nasci e cresci). Acordava às 5h para ir trabalhar no motor de sisal e à tarde ia pra Escola. Continuo ajudando na APAEB como assessor, como também a muitos outros projetos comunitários, pela experiência adquirida nessa caminhada. Mais tarde fui convidado para fazer parte da equipe do então governador Rui Costa como assessor especial e hoje estou na equipe do governador Jerônimo Rodrigues. Mas nesse trabalho de assessor especial do governador eu continuo contribuindo com o associativismo e o cooperativismo, não só em nossa região, mas em muitas outras localidades.

Ismael Ferreira – Acho que ninguém precisa de cargo eletivo para trabalhar pelo seu município. É claro que na gestão pública você tem oportunidades de fazer ainda mais, como por exemplo melhorar a saúde, educação, infraestrutura e apoio à agricultura familiar. Colocar os recursos do município a serviço daqueles que mais precisam.

Mas muita coisa pode ser feita fora da gestão e isso eu fiz minha vida inteira e continuo fazendo. No início dos anos 70, com meus 12 a 13 anos, ao lado da minha mãe, eu já participava ativamente das atividades da igreja católica, dos círculos bíblicos e das Comunidades Eclesiais de Base, visando o fortalecimento das comunidades. Logo em seguida veio toda uma luta dos trabalhadores rurais (na época não tinha o termo de agricultor familiar) para assumir o Sindicato dos Trabalhadores Rurais, já existente, mas controlado pelos políticos, o que veio acontecer alguns anos depois e até hoje continua nas mãos dos agricultores familiares (antigos trabalhadores rurais).

Em seguida, começamos a conversar sobre a criação de uma associação ou cooperativa para buscar alternativas para o sisal, se concretizando em julho de 1980 com a criação da APAEB. Eu também estava nesse processo e tenho muito orgulho de ter sido um dos que, ao lado de tantos outros, ajudou na criação desse grande projeto. Hoje este é um exemplo de associativismo para o Brasil e para o mundo. 

Quando a APAEB foi criada, eu trabalhava no Bradesco em Feira de Santana, para onde tinha ido alguns anos antes visando estudar, estimulado pelo meu querido irmão, o saudoso Ildes Ferreira. Mesmo estando em Feira de Santana, os laços com Valente continuavam e nos finais de semana eram comuns as reuniões para tratar da criação da APAEB, entre 1977 e 1980 e eu estava participando.

Após a fundação da APAEB, fui convidado pelo MOC – Movimento de Organização Comunitária de Feira de Santana, que ajudou em todo processo de organização dos trabalhadores rurais, na articulação, criação da APAEB e seu funcionamento durante muitos anos,  a gerenciar o projeto. Mesmo sendo um projeto novo, sem nenhuma garantia que viesse dar certo e estando naquela época num bom emprego já que bancário naquela época tinha certos status, reconhecimento e salário bom, resolvi aceitar o desafio e pedi demissão do banco.

Nesta caminhada de 43 anos, estando 32 anos na frente da instituição como gerente, depois como Diretor Executivo e posteriormente como colaborador e assessor, como estou até hoje, ajudei muito Valente e a região do sisal, ao lado dos diretores, sócios da instituição e equipe de trabalho a trazer projetos inovadores de geração de emprego e renda, educação, assistência técnica, financiamento aos agricultores, entre muitos outros. 

A APAEB recebeu muitos prêmios no Brasil e fora, eu também fui premiado em muitas oportunidades como empreendedor social. Estivemos na Suiça, India, Estados Unidos, México e muitos outros países recebendo prêmios, apresentando a APAEB e a importância dela para o Desenvolvimento Sustentável Local e Regional.

Se você observar só a APAEB, já são muitos e importantes projetos que ajudaram e ajudam o município e região. Quando APAEB agrega valor aos produtos, exporta, gera emprego e renda na cidade e no campo e traz recursos para o município ela não ajuda apenas aos produtores de sisal e trabalhadores na APAEB e do campo, mas toda população. O dinheiro circula, as pessoas vão as compras, movimenta o comércio e as lojas, mercados, restaurantes e etc. Quase 90% do faturamento da APAEB se destina a compra do sisal, pagamento de salários e serviços locais> Isso é dinheiro na economia local e regional. As lutas e esforços pelo sisal e outros assuntos para o município continuam e as conquistas também. Recentemente ajudei a trazer uma pequena empresa para trabalhar com a flecha do sisal e já são mais de 35 pessoas envolvidas. Ajudei há anos através da APAEB e de outras empresas a Faustino construir uma máquina desfibradora que já está funcionando na região, já tem mais de 30 pessoas e chegará a 40 em breve. Isso é desenvolvimento e tecnologia no campo. Vários projetos de aproveitamento do sisal em andamento, que se concretizarão em breve, com forte apoio do governo do Estado através da SDR/CAR e do Governo Federal através do MDA.  

Em breve, teremos mais um grande investimento no Município, que vai beneficiar Valente e região.

Fazer com recursos da prefeitura é mais fácil, quero ver quem já fez e continua fazendo, independente do dinheiro público.

Ismael Ferreira – Acho que Valente hoje tem a oposição e a situação. Na situação, parece haver divergências entre membros do grupo e parte dele se diz oposição, o que espero que se concretize, mas até que os “dissidentes” concretizarem essa ação, continua o mesmo grupo. Não vi ainda os líderes desse movimento irem nas rádios da cidade, nas reuniões nas comunidades, informando do “rompimento” com o atual prefeito. Continuam nos mesmos partidos de antes da eleição, que votaram em ACM Neto para governador, Bolsonaro pra presidente, Cacá Leão pra senador e todos os deputados desse grupo. Espero realmente que venham para oposição logo e que possamos construir um grupo forte, não só para garantir a vitória nas eleições, mas principalmente fazer uma gestão diferenciada, como fizemos de 2013 a 2016, com boas estradas, valorização do servidor, fortalecimento da agricultura familiar com assistência técnica, compra da produção e o maior programa de convivência com o semiárido já feito no município, com construção de 11 grandes aguadas, ampliação de mais de 100 aguadas, limpeza de mais de 1.500 aguadas, construção de mais de 1.100 cisternas, mais de 150 barreiros e tantas outras boas coisas para o município e a população.

Ismael Ferreira – Nosso governador é uma pessoa muito especial que tive o grande prazer de ter conhecido há muitos anos como professor, através de Ildes Ferreira. Mais tarde no MOC e depois na região do sisal em trabalhos diversos junto com a APAEB, Sindicatos, Comunidades Rurais e Urbanas. Ele ajudou muito na implantação do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil. Como professor, trazia muitas turmas da Universidade para conhecerem a APAEB, como também muitos outros professores também faziam isso. Mais tarde, foi chefe de gabinete de Ildes Ferreira, quando secretário da Ciência e Tecnologia e essas relações pessoais e familiares foram crescendo.

Em Feira de Santana, o filho dele e minha filha estudaram na mesma escola, então tínhamos além da relação pessoal de amizade, também familiar. Continua uma boa relação, mas entendendo que atualmente é nosso governador, que acreditei desde o primeiro momento, dei minha parcela de contribuição no processo e continuo acreditando. Sempre que sobrava um tempinho nos finais de semana, era comum um bom papo, muitas vezes num boteco perto da casa de Ildes em Feira de Santana, acompanhado de uma cerveja gelada e uma “carninha” de bode.

Ismael Ferreira – Com divergências de opiniões, mas com a clareza que o partido é superior a todos nós e essas divergências nunca podem prejudicar o crescimento do PT. O partido de Valente, ao contrário de muitos outros partidos do município, faz reuniões, discutem os assuntos e, nem sempre somos obrigados a concordar com as opiniões, mas sim de seguir as decisões aprovadas coletivamente. Se fosse como muitos outros que praticamente se reúnem para definir filiações e candidaturas a cada quatro anos, talvez não fosse visto como um partido que tem “divergências”. Acho natural as divergências, as reflexões internas, as opiniões diferentes, desde que não venham prejudicar o partido, como acredito que não vá acontecer. Um exemplo concreto agora é que o PT tem 3 pré candidatos/as e tenho certeza que os três estão preocupados com o fortalecimento do partido e quem vier a ser o candidato, mais uma vez contará com todos na campanha municipal como aconteceu nas últimas cinco eleições.

Ismael Ferreira – O PT está fortalecido nesse momento e isso fortalece a oposição. Espero que possamos trazer pessoas que atualmente possam estar com a situação, para somar e construir um novo projeto para os próximos quatro anos. Acho que todos da oposição serão bem-vindos. 

Vamos conversar, construir e ganhar a eleição. Mas ganhar em cima de um Programa de Governo construído e assumido coletivamente. Um processo com regras claras, sem imposições de quem quer que seja. Vejo muito desgaste na atual gestão, que não tem diferença das duas primeiras que fez. Mas espero que o povo tenha cansado de enganação, tapinha nas costas e “passe lá amanhã três horas”.

Ismael Ferreira – A nossa história em Valente mostra isso. O PT é um partido forte e tem filiados, simpatizantes e eleitores que votam por conhecer o partido, sua história, suas ações em Valente, na Bahia e no Brasil e querem uma candidatura própria. Mas não basta isso, precisamos ganhar a eleição. 

Concordo com a candidatura própria e por isso que temos pré candidatos/as. Mas isso não impede o diálogo, especialmente com os partidos da base e que sempre estivemos juntos no município. Na eleição passada no município não foi diferente. O PT tinha sua fatia garantida se tivesse lançado candidato, mas tinha outra pessoa que havia se colocado à disposição e o PT apoiou sua pré candidatura, sendo que mais tarde esse desistiu de concorrer.

Os votos garantidos não impedem o diálogo, numa perspectiva de construção, de critérios e condições claras, o que está em jogo é o destino da nossa cidade por mais quatro anos e não apenas a disputa eleitoral.

Ismael Ferreira – Com certeza o governador Jerônimo tem interesse em ganhar a eleição em Valente, como em muitos outros municípios. As conversas estão ainda começando e não tenho dúvidas da importância dele no processo. Ao contrário do atual gestor municipal nesse momento, o governador Jerônimo está muito bem avaliado no município e sua participação poderá definir a eleição no município. 

Me falaram de uma pesquisa onde aponta que quase 20% dos eleitores dizem votar no candidato do governador Jerônimo e outros quase 30% dizem que poderão votar. Isso é muito importante. Ele, assim como nós, quer ganhar a eleição e espero que esteja bem presente na campanha. Na sua vinda a Valente, falamos rapidamente sobre o assunto e eu disse que nossa intenção era fortalecer a oposição e ganhar a eleição e ele concordou. Tenho certeza que voltaremos a conversar em breve sobre o assunto.

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