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Politica

Entrevista com Leninha – Presidente da CUT-BA

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Por Eduardo Frederico

Quero iniciar aqui agradecendo ao SisalHoje pela oportunidade de estar trazendo o nosso ponto de vista sobre várias questões e trazendo um pouco da minha história, me colocando sempre à disposição para estar dialogando na medida do que for necessário e trazendo informações não só para o município, mas também para região de Sisal e para Bahia já que a nossa atuação hoje também vai para além do nosso território.

Leninha – Sou natural lá de Serrinha. Nasci e fiquei até os meus 18 anos no povoado de Subaé e depois fui para Valente e considero que fiquei até os dias de hoje, porque estou apenas cumprindo uma pauta de Estado que me foi deliberada pelas nossas organizações sindicais. Mas a minha base fixa, minha residência fixa é no o meu município, é Valente. Portanto, eu me identifico hoje como tendo duas naturalidades. Sou de Serrinha e depois virei valentense.

Tudo começou no movimento da igreja. A minha vida se divide em três ou quatro fases ou movimentos. O familiar, que muitas vezes a gente nem consegue dar assistência à nossa família como a gente gostaria, porque começa a atuar desde cedo nos movimentos. Aí vem o movimento social, o movimento de igreja que foi o movimento que nos orientou sobre o que era certo e o que era errado. Fé e vida é a linha da Igreja Católica das Comunidades Eclesiais de base.  Então eu fui a primeira coordenadora da pastoral da criança no meu Município. Tive ali o apoio do Companheiro Zé da Cruz que é irmão da professora Rita de Valente. Ele atuava em Santa Luz, mas também tinha um braço de atuação em Valente e quando fui coordenadora da pastoral da criança, ajudei com muito orgulho a salvar vidas, porque fazer aquele trabalho de pesar as crianças para ver se estavam desnutridas e oferecer a multimistura, para que as crianças pudessem sair do baixo peso, digamos assim, por falta de nutrientes.

Percebi também que somente oração não resolvia. E aí para além da igreja e das organizações de comunidades de base a gente também tinha a vida sindical como instrumento para de fato mudar a vida das pessoas. A fé e a oração caminham juntas e depois veio o movimento partidário. Minha vida se divide nessas quatro fases, nesses quatro movimentos simultâneos durante todo o tempo

Leninha – Sim fui vereadora, como falei, dentro destas quatro fases. Então a gente vai ocupando espaços, né? Antes de assumir a vereança já estava na CUT desde o final da década de 90  começo de 2000 até 2008. Assumi três mandatos. Na CUT fui a primeira tesoureira da Central, depois fui secretária de mulheres, participei da diretoria plena assumindo em  paralelo a coordenação pedagógica da escola Nordeste, que fica em Recife, no então  primeiro mandato do presidente Lula. No segundo mandato na verdade nós estávamos lá também. Coordenava a escola Nordeste que é uma Escola de Formação sindical e com projetos importantes naquele período, alfabetizamos 40 mil trabalhadores de vários segmentos da indústria da construção civil e domésticas. Teve um projeto chamado Trabalho Doméstico Cidadão que atingia todo o Nordeste, São Paulo, Minas e Rio de Janeiro que foi muito especial. Então nesse período eu estava na direção da CUT Bahia, dividindo o tempo com a escola Nordeste e eu fui chamada pela base para a discussão no sindicato de que deveria colocar meu nome à disposição para vereança. A princípio hesitei porque estava num momento importante de trabalho junto à escola Nordeste. Cumpri a decisão da minha base, concorri e fui eleita. Me afastei oficialmente do movimento sindical mas sempre o tive como o meu orientador tanto na tribuna da câmara quanto nas minhas ações práticas do dia a dia. E aí foram 12 anos em três mandatos, quando fui mais uma vez solicitada a colocar o nome para presidência da CUT. Daí já estou no segundo mandato da CUT, trabalho que me orgulha muito porque nós temos 390 sindicatos, desde a categoria dos petroleiros, químicos, metalúrgicos, rede pública de educação, federal de educação, previdenciários,  embasa, limpeza, sistema S e muitos outros. A lista é enorme de representações. Enfim, eu faço junto com a minha direção a representação desses trabalhadores dos mais diversos segmentos e me orgulho muito dessa tarefa. Não é fácil, mas a gente tem logrado êxito com um trabalho democraticamente debatido e agora recentemente assumi também um espaço na executiva do partido dos trabalhadores a convite da nossa direção, da companheira Luciana Mandela, do vice- presidente Glauco, do nosso presidente e companheiro Éden que foi quem oficializou o convite para que eu pudesse participar da executiva. Isso tudo é muito trabalho, mas também é muito significante para mim, pelo reconhecimento que a gente vem recebendo.

Olha eu penso que as coisas mudam, né? O mundo muda. A conjuntura não é estática. Ela está em constante transformação e Valente não é uma ilha. Não tá isolada. Nós precisamos mudar a forma de fazer política em todos os lugares e Valentes não ficaria de fora. Então a gente precisa compreender o que é que o povo quer. Nós tivemos resultados traumáticos e drásticos por conta da eleição, por exemplo, do ex-presidente Bolsonaro. Quase 700 mil pessoas morreram de COVID, centenas de milhares de pessoas ficaram desempregadas, centenas de milhares de pessoas passaram fome, perderam direitos, passaram dificuldades na saúde e na educação. Enfim, a gente já sabe que aumentou a população de rua e que houve um desmonte no Brasil. A gente precisa fazer uma leitura do que as pessoas querem porque também não dá para a gente querer fazer a mudança só da nossa cabeça. Então é necessário mudar a forma de fazer política em Valente dialogando e ampliando o debate com quem quer o bem para Valente. Porque também nós temos aquelas pessoas que ficam ali só pensando no próprio umbigo o tempo todo criando confusão em grupos de WhatsApp e difamando as pessoas. Estas não querem o bem para Valente. Muitas não querem o bem para si próprio e para sua família quanto mais para o restante do município.  Então acho que a gente tem que ter responsabilidade quando se trata de fazer política num município pequeno, porque o nosso estado começa em cada município, né? Então essa responsabilidade é de todos nós. Precisamos pensar com seriedade no nosso município. Não dá para continuar o mesmo modus operandi de 40, 50 anos atrás. Então não dá para você ter a mesma forma de fazer política dos anos 50, 60, 70 e em 2024.

Leninha – Como já falei é natural que Valente siga a mesma lógica de outros municípios e de outros estados. Recordo que na primeira campanha de Ismael em 2004 ele era pelo PPS e nós abraçamos a candidatura dele. Fomos a campo – me lembro que a gente dava meio-dia e  ficava só um funcionário no sindicato, pois toda a nossa militância ia às ruas porque era  necessário renovar a política. Quando cheguei a Valente em 86 e 87 era Reinaldo e Nenenzinho e a gente construiu o nome de Ismael que muitas vezes nem em Valente estava. Lembro inclusive de uma música de Ismael que dizia que estava fora, mas a cabeça estava em Valente. E a gente construiu nessa perspectiva de que quem tava no espaço de atuação fora, que não tava 24 horas em Valente, era porque precisava construir algo e nós construímos juntos. Foi assim em 2004, 2008 e em 2012 quando o elegemos e em 2016 não conseguimos. Quatro campanhas então não tem porque dizer que não foi abraçado, que não foi querido pelo nosso povo e pela comunidade. Foi, mas tudo tem tempo. Tudo passa e as coisas se renovam. As folhas das árvores caem e nascem outras. Ele continua  sendo um companheiro valoroso e que deve ajudar a coordenar esse processo porque foi o nosso prefeito. Mas a gente precisa ter consciência de que se não renovar o partido e não chegarem novas lideranças o partido morre e o partido não pode morrer. A gente precisa renovar e pensar que esse é o momento oportuno para a gente estar preparando novos quadros.

Leninha –  Como já falei a pouco, o meu trabalho à frente da CUT tem sido um trabalho árduo. Eu chego no momento de muita dificuldade.  Nós tínhamos passado pela contra-reforma trabalhista – que a gente chama de contra-reforma porque o que foi feito que foi sugerido de reforma não reformou para melhor a vida do nosso povo – dos trabalhadores Perdemos empregos, precarizaram o trabalho e consequentemente precarizaram também a vida do movimento sindical. Se está ruim para os trabalhadores, está ruim para o sindicato e também está ruim para a Central. Então eu fui eleita exatamente no momento digamos de crise e de muita dificuldade da CUT. Em seguida veio a pandemia e nós ficamos fazendo um trabalho que não foi só um trabalho virtual, foi um trabalho que nos levou de volta às ruas. Foi um trabalho que a gente estava fazendo ações presenciais correndo riscos, mas lá estávamos. 

Nem sede a CUT tinha. Vencemos a crise e hoje nós temos a sede própria de volta e temos a credibilidade da Central restaurada, Estamos discutindo o fortalecimento da nossa Central criando as regionais. Temos 417 municípios no estado da Bahia. Eu brinco com o nosso governador que ele tem 417 municípios, mas tem um jatinho e tem um helicóptero e eu tenho os mesmos 417 municípios e tenho apenas os ônibus que chegam até o lugar e o carro que a gente circula. Agora temos regionais em Eunápolis, Feira de Santana, Sisal e estamos focando na regional do Oeste, lá em Barreiras. Estamos também fazendo a nossa plenária sindical para discutir a instalação da nossa regional em Conquista e a nossa pretensão é chegar até o final do ano com 10 regionais instaladas para que a gente tenha capilaridade no estado e condições de circular com representação junto a organização social e que essa organização seja capaz de responder às demandas e as necessidades da nossa base que está espalhada em todo o território baiano

Leninha – Se eu dissesse que não teria planos políticos para o futuro eu estaria mentindo, porque toda minha vida foi política. Toda minha vida eu me lembro que dentro daquele trabalho que eu falava inicialmente de igreja, terminando a ditadura militar eu tinha certa dificuldade de entender o que acontecia mas eu já tava no mundo da política com a minha irmã fazendo política sindical. Enfim a minha vida o tempo todo foi isso de fazer política. Então, frente os planos futuros, a questão da política é natural. A gente tem acumulado ao longo dos anos muita experiência sindical, experiência de câmara de vereadores e experiência de gestão. Agora na nossa Central que é a nível de estado e dentro do partido também tenho acumulado bastante maturidade. Assim a gente está sempre à disposição para tocar o trabalho e as tarefas que o nosso partido precisa. No meu caso, se o PT Estadual decidir e me requisitar, a gente vai estar cumprindo essas tarefas. Então eu debato muito com o partido aqui em cima. Mas debato também com a minha base no meu município. Nossa base partidária hoje tem uma relação boa com o nosso diretório, com o companheiro José Silva que tá aí sendo uma pessoa que eles contam para tudo. Tem também os companheiros Gilvaldo , Julivaldo no sindicato, Juvanda e outros. São companheiros e companheiras para gente fazer um grupo renovado. Enfim eu tô na tarefa mais de estado aqui ajudando a organizar e o meu nome tá colocado à disposição do nosso partido para que a gente possa construir os próximos passos no estado da Bahia

 

É isso aí. Agradeço pela oportunidade de falar ao público do Sisalhoje, de estar colocando nossos pontos de vista para todos sobre esses temas e me colocando sempre à disposição a qualquer momento que seja necessário trazendo mais informações. Estamos às ordens e muito obrigado 

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