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Politica

Entrevista com Zé Silva, pré-candidato do PT – 2024

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Acima clique nas setinhas e escute as respostas de Zé Silva as perguntas

ZÉ SILVA – Sou José da Silva Santos, conhecido publicamente por Zé Silva, sou natural do povoado de Pedrolândia, Município de Queimadas, mas nutri uma relação com Valente desde a infância por causa dos familiares que sempre residiram aqui. Minha família paterna é natural de Retirolândia (mais especificamente da região de Ponto da Pinha/Jiboia), meu avô migrou para o município de Queimadas procurando trabalho, levando os filhos ainda criança. Lá meu pai conheceu e casou-se com minha mãe que é da região de Fazenda de Cima, comunidade próxima a Pedrolândia. Sou filho de família simples, humilde, trabalhadores rurais e assim aos 9/10 anos comecei a vida laboral trabalhando em motor de sisal como botador de palha e depois fui também cortador de palha. 

Sempre gostei de estudar. Estudei até a 4º série na escola Izidio Carneiro da Silva em Petrolândia, depois passei a estudar no CESAQ (sede de Queimadas) e depois no Colégio Estadual em Riacho da Onça (distrito próximo a Pedrolândia). Já na véspera de completar 15 anos vim morar em Valente na perspectiva de trabalhar e também facilitar a vida com os estudos. Ao chegar em Valente comecei trabalhando no sítio do meu tio Ademir do Abrigo, cuidando do sítio e tirando o leite. Paralelo a isso, comecei a estudar no Colégio Estadual Wilson Lins e ingressei no Grupo de Jovens da Igreja Católica Miosótis Teen. 

Com a construção do Centro de Abastecimento, meu padrinho Antônio (então sócio do irmão Ademir no Abrigo), estabeleceu comércio em um dos restaurantes e algum tempo depois saí do sítio de tio Ademir e fui trabalhar no Restaurante do meu tio/padrinho Antônio no Centro de Abastecimento. 

Já na relação com a Igreja Católica, passei a coordenar o Grupo de Jovens e ingressei na relação com as comunidades Eclesiais de Base e foi daí que criei vínculos com o Movimento Social, especialmente com Associações (rurais e urbanas) e o Sindicato, de onde participei de muitas formações com entidades como o MOC, a FATRES, entre outros. 

Daí fui um dos fundadores do Grêmio Estudantil do Colégio Wilson Lins e ajudei na articulação de vários outros movimentos estudantis tanto em Valente como na região. Fui Secretário Executivo do Fórum da Cidadania, um dos fundadores e o primeiro presidente do CMBJ (Conselho de Moradores do Bairro Juazeiro), participei da Criação e presidente da ARTAB (Articulação das Entidades Urbanas de Valente) e membro do Grupo Gestor do PETTI (Programa de Erradicação do Trabalho Infantil). 

Aos 19 anos fui convidado pela FATRES para coordenar um programa de formação de Novas Lideranças Sindicais, que envolvia os dezesseis municípios filiados à FATRES. Aceitei o desafio, coordenei a formação de jovens por dois anos, depois coordenei vários outros projetos na FATRES onde vivi uma relação de trabalho por mais de 20 anos, mantendo até hoje relações com a instituição, inclusive através de algumas consultorias. Nesse período de FATRES e também após ele, fui Secretário Executivo do Colegiado Territorial do Sisal por três anos, ajudei na Criação do Consisal e em seguida fui nomeado Secretário Executivo, função que exerci por oito anos, ajudei na Criação da Federação Baiana de Consórcios Públicos do Estado da Bahia (FECBAHIA), onde em seguida fui Secretário Executivo da FECBA e Presidente do Fórum de Secretários Executivos. Em 2018, no segundo mandato do então Governador Rui Costa, fui convidado para assumir a Gerência Regional da CAR e agora na Gestão do atual Governador Jerônimo Rodrigues fui convidado a assumir a Diretoria de Inovação e Sustentabilidade – DIS vinculada a BAHIATER, uma superintendência da SDR, função que exerço atualmente.

ZÉ SILVA – Eu sempre me senti um agente político, até porque acredito que tudo em nossa vida envolve política. Desde Pedrolândia, quando iniciei minha trajetória nos grupos de jovens da Igreja que já participava da vida social e coletiva, já contribuia nas discussões e nas ações religiosas, já ajudava de alguma forma na realização dos festejos da comunidade, já acompanhava junto com meus pais algumas coisas da associação, claro que de forma ainda meio distante porque ainda era muito jovem, mais já tinha a compreensão que ali era um espaço importante de discussão e definição de coisas, ou seja, uma ação política. Mas sem dúvida o despertar para a política partidária enquanto instrumento de melhoria da qualidade de vida das pessoas aconteceu a partir da minha chegada no Fórum da Cidadania, ali foi o start. O fórum tinha o papel de acompanhar a execução dos recursos públicos municipais, daí acompanhávamos a elaboração das peças orçamentárias (PPA, LDO, LOA), fazíamos capacitação dos Conselheiros Municipais e ainda tínhamos a ação direta de acompanhamento/fiscalização. Íamos para a Câmara de Vereadores e para a prefeitura para acompanhar os processos licitatórios e de pagamentos. Não era só uma fiscalização por fiscalização, também fazíamos debates, dávamos sugestões, tentávamos contribuir para que os recursos públicos fossem de fato investidos em coisas que melhorassem a vida do povo. Vivemos tempos difíceis, de perseguição, de muitas portas batidas nas nossas caras, principalmente nos períodos dos então prefeitos Reinaldo Ramos e Nenenzinho. Era uma novidade e as pessoas não compreendiam e não queriam aceitar. 

Como assim a sociedade civil querer “dar pitaco” nas ações do prefeito? Como assim mostrar processos de licitação e de pagamento para presidentes de associações, lideranças comunitárias e de bairros, conselheiros da sociedade civil? O que esse povo tem a ver com isso? Diziam eles. 

Até ali as gestões eram caixas pretas, ninguém sabia de nada e o fórum da cidadania despertou no cidadão a curiosidade e o ensinamento de que os recursos eram públicos e portanto tínhamos o direito, inclusive garantido por leis, de saber quando, como e com que finalidade os recursos públicos estavam sendo investidos. Daí percebi que se não mudássemos os agentes políticos os processos continuariam os mesmos.

ZÉ SILVA – Então, como eu nasci na zona rural, comecei a vida laboral no campo, sempre tive certeza que de alguma forma muita coisa ali precisava melhorar. Minha comunidade (Pedrolândia) não tinha, por exemplo, eletrificação e eu ainda morava a quase 3 km do povoado, imagine aí? Eu andava 27 km em cima de uma F350 e depois de uma C10 para estudar. Não tínhamos acesso a serviços básicos a exemplo de atendimento médico. Sentia uma dor ou precisava de um remédio durante a semana, tínhamos que esperar o sábado para ir de carro de linha para a sede do município para ser consultado, na maioria das vezes, por um farmacêutico. 

Na época das secas, o que restava para nós, como forma de sobrevivência, eram as frentes de serviços. Nossos pais trabalhavam para o governo em troca das famosas cestas básicas dos feijões que não cozinhavam e os arroz com casca. Eram muitas mazelas para o povo do campo. Quando tive acesso ao movimento social, vi ali a oportunidade de tentar contribuir para mudar aquela realidade que vivi na pele e graças ao movimento sindical inicialmente, aos demais movimentos sociais e demais espaços que passei, tive a oportunidade de contribuir. 

Na FATRES, juntamente com os sindicatos de trabalhadores/as rurais e agricultores familiares, tive a oportunidade de participar de lutas extremamente importantes que garantiram aos homens e mulheres do campo acesso a políticas públicas como aposentadoria rural, aposentadoria dos trabalhadores mutilados do sisal, acesso a crédito, criação do programa de erradicação do trabalho infantil, habitação rural, entre tantas outas.

Ainda pela FATRES e também como Secretário Executivo do Consisal elaboramos e executamos muitos projetos de Assistência Técnica e Extensão Rural, acesso a Tecnologias de Armazenamento de Água, implementação de agroindústrias para processamento dos produtos da Agricultura Familiar, acesso a Mercado, projetos de segurança alimentar e nutricional, entre tantos outros. 

Só para você ter uma ideia, pelo Consisal garantimos projeto para construção de mais de 18 mil cisternas de 16 mil litros para consumo humano, construímos mais de 50 aguadas de grande porte, além dos barreiros familiares, cisternas de produção e regularização fundiária. Pela FATRES, construímos cisternas de consumo e produção em quatro territórios (Sisal, Bacia do Jacuípe, Portal do Sertão e Semiárido Nordeste Dois). O Consisal na minha época se tornou o Consórcio que mais captou recursos e executava projetos no Brasil,. Nos tornamos referência nacional e por conta desse legado criamos a FECBAHIA para ajudar os demais territórios do estado a organizarem seus consórcios e também captarem recursos para executarem projetos. Recebíamos visitas e missões de vários estados do Brasil para conhecer a experiência do Consisal. Claro que tudo isso fez com que tivéssemos hoje esse reconhecimento a que você se refere.

ZÉ SILVA – O Partido dos Trabalhadores – PT é o maior partido da América Latina. No cenário nacional elegemos recentemente um dos maiores líderes políticos do mundo para o seu 3° mandato, depois de um ciclo recente de 14 anos de gestão petista com conquistas extremamente importantes. Na Bahia estamos no 5º mandato do Partido, ou seja, vamos para 20 anos de gestão petista, claro que por consequência das excelentes gestões de Wagner e Rui com avanços importantes em todas as áreas. Em Valente, sem falsa modéstia, somos o maior partido político – inclusive em número de filiados/as e o mais organizado – o único que toma as decisões coletivamente, temos lideranças referenciais no cenário nacional e estadual, temos o apoio dos organismos sociais, temos o apoio dos governos federal e estadual inclusive através dos ministérios e secretarias, apoio de Deputados/as, dos Senadores, um partido deste tamanho, com toda essa capilaridade não pode deixar de ter protagonismo.

Em 2020 vivíamos um cenário atípico, findado aquele processo o PT fez avaliação e claro que decidimos que não viveríamos um novo 2020 na história de valente, então, como sempre fizemos, continuamos os diálogos e construções. 

Bom lembrar que desde os meus vinte e poucos anos meu nome sempre foi cogitado para concorrer a uma cadeira no legislativo municipal, mas por conta das tantas tarefas que sempre estive envolvido nunca me candidatei. Em 2018 meu nome estava cogitado para ser candidato a Deputado Estadual, por conta do cenário territorial resolvi não ser candidato e apoiei Osni que conseguiu o pleito. No início de 2023 nos reunimos em alguns momentos e mesmo considerando o fato de que Ismael não tinha sido candidato em 2020 achei que a primeira opção era consultá-lo sobre uma possível candidatura em 2024 e a princípio ele disse que não seria candidato, então, também por conta disso, consultei alguns amigos e lideranças (municipais e estaduais) que sempre me incentivaram e também conversei com algumas lideranças do partido que acharam importante colocar meu nome para esse processo de construção. Então informei ao partido que meu nome estava à disposição. Em junho tivemos reunião do diretório municipal e este validou meu nome como um dos pré-candidatos. Claro que para tomar essa decisão eu também já tinha consultado o governo e o partido a nível de Estado. 

Por todo esse histórico, meu nome foi colocado e estou pré-candidato.

ZÉ SILVA – Sempre digo que tudo na vida tem pontos positivos e pontos negativos. Nesse caso vejo muito mais pontos positivos. Algumas pessoas chegavam pra mim e diziam que talvez eu devesse esperar um pouco mais, justamente porque entraria em uma disputa com três lideranças já testadas. Sempre gosto de usar exemplos e arrisco a dizer que 99% da população não acreditava na vitória de Wagner quando ele se elegeu pela primeira vez e ele conseguiu o feito de se eleger no primeiro turno e se reeleger também no primeiro turno com a maior aprovação já vista até aquele momento na história da Bahia. Em seguida quando Wagner e o PT lançaram Rui Costa, muitos diziam que ele não se elegeria porque nunca tinha sido testado e que não era conhecido. Rui se elegeu e se reelegeu no primeiro turno com aprovações maiores que as de Wagner em vários aspectos. Todas essas vitórias de primeiro turno ocorreram contra os principais caciques do carlismo – Cesar Borges, Paulo Souto e Zé Ronaldo. 

Rui e o PT mantiveram a pegada e apresentaram uma liderança nova para o pleito de 2022. Mais uma vez diziam que a derrota de Jerônimo era certa porque nunca tinha sido testado e que não era conhecido e que desta vez a disputa era com o que tinha de mais original  restado do carlismo. O final dessa história eu preciso contar?

Acho que Valente está carente de um nome novo e de uma administração que de fato apresente aspectos inovadores de gestão. Vejo muitos vícios de todos os lados, um exemplo claro disso é a atual gestão que repete os mesmos erros do passado com uma  estrutura que nada mais é que um mandato de família. Mais isso não é novidade nenhuma, já tinha sido assim nos mandatos anteriores do atual grupo. Talvez algumas pessoas tenham esquecido, mas aí está novamente. 

Mas as práticas de outros diferem muito? Não vejo. Se olharmos para o lado vamos ver irmãos ali, esposas também, filhos, sobrinhos, ou seja é a velha lógica do sujo falando do mal lavado.

Acho que para ser uma nova gestão precisa se afastar dos velhos vícios. Uma gestão com cara nova mais com as práticas velhas não ajudarão Valente.

ZÉ SILVA – Na verdade eu diria que tivemos períodos estranhos, mas devemos considerar que também tivemos momentos importantes no transcorrer desses 20 anos. Posso afirmar que o mandato de Ismael, do PT, foi um diferencial nesse marco temporal. Um governo que iniciou de fato um processo de planejamento para médio/longo prazo, apresentou projetos estruturantes a exemplo da despoluição do açude, mais também com avanços importantes nas diversas áreas como educação, assistência social, na estruturação da saúde e tanto na estruturação e funcionamento do hospital com diversas especialidades, funcionamento de raio x, realização de partos, dentre outros. 

Na infraestrutura grandes obras de pavimentação, estradas como nunca vimos em outras gestões. 

Sem falar de avanços expressivos na agricultura familiar. 

Entretanto tivemos governos que os fornecedores e funcionários passavam cinco, seis  meses de salários atrasados, assim como prefeitos que pagavam salários em dias e achavam que por isso não deveria realizar obras, tão pouco colocar a máquina pública para trabalhar em favor do povo.

Como disse anteriormente, um dos principais desafios de um nome novo é se desvincular das velhas práticas, dos velhos vícios e desenvolver uma gestão que de fato melhore a vida das pessoas que precisam dos serviços públicos. 

Se Deus permitir e eu tiver a honra de receber a confiança do povo de Valente, com certeza uma das minhas principais marcas será a participação popular. Eu sou uma pessoa de fácil acesso no dia-a-dia, que gosta de estar com as pessoas, de conversar, de visitar as comunidades, de ouvir sugestões e críticas. Inicialmente construirei um PPA participativo, realizando encontros nas comunidades, ouvindo as demandas, construindo as estratégias divididas em ações de curto, médio e longo prazo. Para além disso, criarei momentos de devolutivas, onde voltaremos nas comunidades para apresentar o que está sendo feito a partir do que foi planejado anteriormente e claro, ouvir novas sugestões para adequar ações futuras. No dia-a-dia da gestão, também precisa montar estratégia de atendimento ao público e resolução de demandas, claro que as representações das localidades terão papel definido e contribuirão muito com esse processo de escuta e resolução de problemas. Essa prática de representações que servem, na sua grande maioria, apenas para puxar o saco do político já está ultrapassada, vejo em nosso município representações de comunidades e bairros que se quer são recebidos para apresentar demandas de uma simples troca de lâmpada, limpeza de rua, entre outras.

Claro que em uma boa gestão é preciso pensar e agir no todo, mais algumas áreas devem ser prioritárias, posso citar como exemplo disso a saúde, a educação, a assistência social e geração de ocupação e renda. É inadmissível um gestor não dar atenção especial à saúde, com funcionamento integral do hospital municipal, com atendimento das mais variadas especialidades médicas, funcionamento das salas de raio x e parto, transporte da zona rural para a sede do município e do município para as demandas regionais e estaduais e claro mantendo e ampliando parcerias com unidades públicas fora do município e clinicas particulares no município. Na educação precisa-se manter o funcionamento regular da pasta mais também se faz necessário inovar com práticas efetivas como a de incentivo a leitura, de fomento a cultura e ao esporte, inclusive com a retomada e ampliação dos jogos estudantis e o estímulo à prática esportiva nas suas diversas modalidades. A geração de ocupação e renda deve ser percebida como um processo de dignificação do ser, de elevação de valores e de auto estima. Quando fala em geração de ocupação e renda muita gente pensa em grandes empresas, novas fábricas, claro que isso é importante e temos que buscar cada dia mais postos de trabalho, mais também precisamos olhar para a Agricultura Familiar e Economia Solidária com uma alternativa prioritária, estimulando os processos produtivos locais, criando e regularizando agroindústrias de processamento dos produtos da agricultura familiar, regularizando o serviço de inspeção municipal, garantindo a aquisição dos produtos da agricultura familiar para a alimentação escolar, para as unidades hospitalares e demais órgãos municipais, assim como estimular que esses produtos acessem outros mercados municipais e estaduais, utilizando inclusive a experiência que Governo do Estado vem desenvolvendo.

Claro que as ações que citei como prioritárias não tiram a responsabilidade de garantir questões básicas e obrigatórias como pagamento de salários e fornecedores em dias, manutenção permanente das estradas e praças, limpeza pública em dias, iluminação pública de qualidade, limpezas de aguadas, apoio a liga desportiva e cultural para a realização do campeonato municipal e participação no intermunicipal, apoio às ligas independentes, mais também apoio a prática e realização de atividades nas várias modalidades esportivas, a exemplo do basquete, vôlei, futsal, entre outros.

O desafio é fazer uma gestão que garanta a participação popular e que atenda as necessidades de quem precisa dos serviços.

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