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Opinião

Grupo político não é igual a quadrilha de bandidos

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Por Eduardo Frederico 

Toda eleição o discurso é sempre o mesmo: inaugurar uma nova forma de fazer política. Repetem desde o século passado que é preciso colocar fim ao “toma-lá-dá-cá” dos governos anteriores. A missão do novo messias é sempre acabar com o que ele e seus apoiadores chamam de “velha política”, associada à corrupção diante da série histórica de escândalos.

No texto a seguir vou tentar explicar a única saída hoje para a política municipal, que seria para mim o governo de coalizão. Irei falar sobre articulação política, fisiologismo e sobre a grande fragmentação partidária que marca o momento atual.

O que é articulação política?
É a ação da liderança e de seus liderados para manter o grupo coeso e convencido da necessidade de se manterem assim.

Quais os instrumentos para se fazer a articulação política?
O instrumento principal e mais legítimo é a persuasão, a defesa da unidade para interesses coletivos e individuais. Por outro lado, essa persuasão sempre levou também a compartilhamento de poder, pois na negociação sempre há concessões de parte a parte.

Essas concessões não deveriam ser espúrias, elas podem ser técnicas, podem ser feitas tendo como base critérios de capacidades individuais. Quando essa negociação leva a um direcionamento puramente político se tem uma relação instável de dependência e um risco diário de fracasso da gestão

Qual o limite entre articulação política e fisiologismo?
Importante que se saiba que são coisas diferentes. O fisiologismo, o clientelismo, é uma prática de troca de favores em dois momentos: o Executivo troca favores com o Legislativo, que troca favores com o eleitorado, sobretudo com os cabos eleitorais e com as bases organizadas. Isso se dá fundamentalmente porque não existem mecanismos de transferência de renda, nem benefícios sustentáveis que tornem o eleitor independente desse tipo de favor, fazendo com que ele passe a ser um eleitor voltado para ideias, princípios e valores, como ocorre nos países democráticos onde já se superou o estágio do clientelismo.

Essa é então uma diferença clara: o clientelismo é uma troca de favores.

Já a negociação de coalizão e de apoio político não clientelista é programática, ela tem a ver com valores, com ideias e com necessidades – sobretudo com necessidades emergentes, que nascem das mudanças social e econômica – buscando respostas diferentes. Aí, haverá os partidos que dão respostas diferentes, uns mais à direita, outros mais à esquerda, a essas necessidades da sociedade.

Que alternativa de articulação política um gestor teria que não a compra de vereadores ou a distribuição de cargos?
A alternativa é difícil se o gestor não começar certo usando a força eleitoral pós eleição para apresentar um conjunto de ideias que mude a forma de fazer política. Depois é muito mais difícil conseguir mudar o sistema com o processo andando. 

A alternativa então é começar certo impondo a mudança pretendida usando o respaldo das urnas.

Cargos

A oferta de cargos não é necessariamente uma coisa negativa. Não precisa ser necessariamente parte de um processo de corrupção ou de cooptação. O compartilhamento do poder através da repartição de cargos e da abertura a aliados para cargos no governo, no primeiro e no segundo escalões,  acontece no mundo inteiro. O que tem que se ver é a razão: se a pessoa vai para lá para fazer tráfico de influência, para receber propina, evidentemente é corrupção. Mas se ele vai para lá para defender uma pauta coerente com a do gestor e na qual ela tenha experiência, tenha conhecimento e interesse direto, que ela tenha atuado e conheça bem a área, não tem problema nenhum. É assim no mundo inteiro.

Fragmentação partidária

O pula-pula de políticos entre partidos hoje é o maior escândalo da era contemporânea.

Figuras historicamente de ideologias extremistas estão mudando radicalmente para alas  liberais sem o menor constrangimento, usando partidos de formas estratégicas e não ideológicas, confundindo o eleitorado que perde a referência e acaba se vendo seguindo lideranças individuais frágeis.

Hoje, à exceção de um ou dois políticos, o que se vê é uma grande mistura de personagens antagônicos sob a mesma bandeira.

Ao final, deu no que está aí.

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