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Politica

O nosso maior instrumento de geração e renda é a agricultura familiar

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Eduardo Frederico entrevista Tytta Ferreira

A escassez de trabalho principalmente na batedeira era muito grande por causa da seca e a gente foi trabalhar vendendo doces nas feiras livres de outras cidades e eu também ia carregar feira na feira livre de Valente, mas eu sempre gostei de música, né? Sempre fui envolvido também com grupos da igreja e sempre fiz muitas coisas, além de trabalhos com os jovens. Numa dessas ações de grupo com a juventude na igreja católica, em uma das vezes, eu fui encaminhado para o sindicato dos trabalhadores rurais, para acompanhar o pessoal da CEBs – Comunidades Eclesiais de Base. Felizmente, eu fui aprendendo muito com esses grupos de igreja e fui evoluindo. Também fiz parte de grupos de teatro e fiz parte do processo de formação política dentro do grêmio estudantil do Colégio Wilson Lins, na época tinha eu, Léo Santos, Zé Silva e muitos outros.

O passo mais adiante foi ir para o Fórum da Cidadania e com isso consegui fazer muitas coisas juntas com eles e também ingressei na rádio valente FM. neste período eu também  trabalhei com música, política, teatro, etc. 

Eu já era muito próximo do Partido dos Trabalhadores (PT) e já acompanhava as reuniões do partido, mas não como filiado. Felizmente a gente conseguiu um destaque na rádio mesmo não apresentando um programa específico, mas fazendo apenas reportagem no programa Rádio Comunidade. Mas como eu gostava muito da política em si, usei tudo que eu tinha aprendido para fazer com que a parte que me cabia dentro da rádio, fosse a parte de maior destaque.

Hoje, ainda tem gente que acha que eu ainda trabalho na rádio, após 17 anos. Para mim, isso foi muito importante, porque pela rádio eu conheci a Rede de Jovens do Nordeste (RJNE), onde pude viajar todo o Brasil e fora do país também. Acabei participando e me tornando representante da Rede de Jovens do Nordeste, representando a Bahia nas reuniões na região Nordeste. A gente se encontrava muito no Recife-Pe. Entre as grandes ações que pude acompanhar destaca-se o Fórum Social Nordestino e o Brasileiro, bem como o Fórum Social Mundial.  

Pela RJNE me tornei conselheiro Nacional e Estadual de Juventude, também me tornei coordenador de projeto social. Trabalhei pela Cipó Comunicação Interativa. Atuei também como Coordenador do Programa Segundo Tempo, em toda Salvador, pelo Centro de Educação e Cultura Popular – CECUP. Coordenei um projeto de direitos humanos na comunidade Nova Esperança  que é uma comunidade com dificuldade de acesso à política pública e onde a gente conseguiu incluir e fazer uma rádio comunitária com jovens de lá da comunidade. No programa Segundo Tempo tinha em Salvador aproximadamente 7.000 crianças e adolescentes cadastrados no projeto, e eram 136 funcionários no campo como monitores e mais um núcleo de coordenação que chegava a mais 8 pessoas e eu, que era o coordenador geral desse projeto.

A partir daí, eu fui convidado a retornar a Valente e nisso sempre ficava indo e voltando, mas nunca deixei de fazer política junto ao PT. Mas o tempo todo ligado ao movimento. Nessas andanças, eu sempre voltava a Valente no sentido de nunca ter cortado o cordão umbilical com o município.

Em 2012, eu fui convidado a assumir uma pasta de Cultura no governo Ismael e fiquei dois anos. Eu tenho formação acadêmica em pedagogia na UNEB onde fiz várias relações e depois fui convidado a assumir a assessoria da então deputada Moema e em seguida com o então prefeito de Serrinha Osni Cardoso. Fui convidado para compor a corrente política, interna do PT, o Reencantar, que atualmente é a Resistência Socialista, da qual eu faço parte até os dias de hoje. Acabei deixando a música e a rádio de lado, para viver intensamente a Política.

Meus pais são semi-analfabetos, mas conseguiram me dar uma boa potencialidade de estudar. Eu sou o único de minha família que tem nível superior. Meus irmãos não têm, nem meu pai, nem minha mãe e sobrinhos.

Hoje, eu sou dirigente nacional do PT e antes de ser dirigente eu fui assessor de Moema Gramacho, do deputado Osni Cardoso e do deputado federal Joseildo Ramos. Fiz parte do conselho Nacional de Juventude, do Conselho Estadual dos direitos da criança e adolescente (CECA) e hoje a missão é estar à frente da Superintendência Federal de Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar – MDA, na Bahia.

Tytta Ferreira – Se deu pela igreja católica e Comunidades Eclesiais de base. Daí tem o sindicato dos trabalhadores rurais, teve o fórum da Cidadania e teve o grêmio estudantil. Mas, o que me deu mais formação sem dúvidas foi a rádio Valente FM, o CECUP e a Rede de Jovens do Nordeste. Com eles, eu aprendi muito e me formei politicamente.  Agradeço muito, pois abriram uma porta gigantesca nas organizações não-governamentais, que ampliaram minha linha com o partido e me deram de fato uma maior oportunidade de ser visto no cenário estadual, regional e nacional. Em 2004 eu construi uma relação muito forte com o Conselho Nacional das quais pude ampliar muitas relações de amizade e companheirismo.

Tytta Ferreira – Na verdade meu cargo tem relevância nacional, porque é um cargo recém-criado que é de muita importância, pois é um braço do ministério na Bahia. Antes disso eu tinha sido convidado para ir para a assessoria especial do ministro Paulo Teixeira. Então foi a partir de um convite do próprio ministro. A gente tem uma relação muito fina de extrema confiança e a quem eu aqui já agradeço muito, tanto quanto aos deputados que compõem a corrente como: Osni Cardoso e Joseildo Ramos, que foi o deputado federal, que fez a minha indicação. Sei da minha responsabilidade não só com o sisal, mas com o Estado da Bahia. Evidente que a gente tem o umbigo enterrado em Valente e a gente é bairrista e vai tornando esse espaço muito grande. Hoje, eu tenho um afeto muito grande pela minha cidade, minha região e o meu território, pois é de onde a gente vem, de onde a gente bebeu a maior parte da água e que nos alimentou. Então eu tenho muito carinho, por isso. E eu sei que a gente pode contribuir, como já estamos contribuindo muito. Especificamente falando nesse debate do Sisal, foi a partir do MDA, após eu ter assumido, que Ismael e outros reunidos que  a gente chamou uma reunião, a partir da questão do preço mínimo de sisal e ali nasceu essa discussão, que hoje, felizmente, a gente esta tendo resultados com relação à política de preços. E é aí que está o grande desafio que é pensar na estratégia de fortalecer a cadeia produtiva de sisal, que é maior do que o próprio  território. Hoje o sisal é o principal instrumento econômico de mais de 40 municípios. São três territórios que a cultura domina na Bahia e hoje Valente e região, juntamente com Campo Formoso e a região de Jacobina são os principais pólos de produção e comercialização do sisal. Então pensar em políticas públicas de aproveitamento do sisal em diferentes esferas, para além dos 4% utilizados da fibra, é o grande desafio. A gente hoje tá buscando investimentos e conseguimos junto ao Ministério, com a força da Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR) e dos movimentos que compõem o Fórum Baiano de Agricultura Familiar, a APAEAB, a FATRES e o CONSISAL levar este debate para o ministro Paulo Teixeira do MDA, e conseguimos o compromisso dele de investir R$ 10 milhões para a compra (estoque do Sisal) e mais outros R$10 milhões para outra fase, que é a premiação pelos produtores (PEP). Então estamos falando em R$20 milhões através do MDA/CONAB apostando na cultura de sisal através de uma articulação direta da Superintendência, governo do estado, Governador Jerônimo, o secretário Osni e com uma ajuda muito grande do deputado Joseildo Ramos, que hoje tem debatido isso na frente parlamentar em Brasília. A gente através de uma articulação dentro do ministério também estamos dialogando a possibilidade de construção de um armazém em Valente para fazer a estocagem.  Este processo de estocagem é a principal ação, porque ele vai fazer com que o sisal saia de circulação e ganhe valor. Lembrando que apesar de ter estes R$10 milhões, ainda não teríamos onde estocá-lo.

A ideia é que a gente consiga alugar alguns armazéns no território no primeiro momento. Já com relação à construção de um galpão no município de Valente para estocar o sisal é necessário que o município doe o terreno para a construção do mesmo. Mediante a isso, nós faremos o aporte financeiro no governo estadual e o governo do Estado fará a execução da obra. Depois repassa a gestão do galpão para o governo federal e a Conab/MDA para que possam fazer a administração da mesma, comprando e estocando o sisal de toda região para equilibrar o preço.

Tytta Ferreira – É difícil, porque o hoje é o de muito tempo atrás. A política de Valente hoje é uma política que nasce no governo de Nenenzinho lá atrás, quando ele toma o poder dos dois lados ligados ao carlismo e Ubaldinho que fazia parte desse grupo depois ganha a eleição na sucessão de Nenenzinho através de uma correlação de forças. O PT, depois de uma mudança no governo federal e estadual, conseguiu ganhar a eleição municipal em Valente quando Ubaldino foi caçado a partir de uma ação movida pelo Ministério Público, tornando Agnaldo prefeito. Em seguida ganhamos a disputa eletiva com Ismael Ferreira, mas aí a gente pega um período difícil do governo Dilma, num momento que o PT estava em declínio político e então perdemos a reeleição em Valente, mesmo fazendo uma boa gestão. Apesar de que tinha uma situação de atraso de salário e é importante que se lembre disso. Mas tinha muita política no governo de Ismael e a gente vivia um momento difícil no PT nacional num momento de queda de popularidade do Partido.

Hoje, em 2023, em Valente é um momento de construir alianças e o momento da oposição ganhar as eleições. Tem tudo para ganhar, mas é importante que a gente não subestime quem hoje está com a máquina, quem hoje tá no poder, quem tem três mandatos. Então não dá para a gente subestimar. A política não é feita de vitória antes do pleito eletivo. O PT já mostrou isso com Wagner, Rui e Jerônimo. Ela só finaliza quando fecham as urnas. 

Tytta Ferreira: O projeto do galpão, como eu falei, visa tirar o sisal de circulação. É a lógica da demanda e da oferta. 

Mas na verdade queremos tirar o sisal de circulação e controlar a oferta maior do que a demanda. Se a gente diminuir a oferta a demanda pode ficar maior do que oferta o que necessariamente vai melhorar o preço do Sisal E aí a produção vai ficar estocada e depois num momento certo ela vai para leilão até como uma forma de ajudar nesse processo de estiagem, com grande quantidade de motores de sisal parados nos últimos tempos.

Tytta Ferreira – Eu acho que a gente não deve fechar a cabeça para o mundo. Eu tenho dificuldade de fechar a cabeça. Quem nunca saiu de valente vai achar que Valente é o maior lugar do mundo. E aí a gente precisa entender que Valente é um pequeno lugar num grande mundo. Então é um universo. Valente hoje tem figuras em locais estratégicos. Valente tem Fábio Motta que foi secretário nacional de turismo e hoje é presidente do Vitória, tem Ismael que foi prefeito de Valente e hoje é assessor do governador, tem Leninha que é presidente da Cut, tem Zé Silva numa diretoria da BAHIATER e tem Tytta na superintendência federal do Ministério do Desenvolvimento Agrário. Cargos estratégicos importantes que podem contribuir muito para o município.

O que eu acho que precisa melhorar é o tempo da política. A gente precisa entender o tempo da política. Valente consegue votar bem, historicamente, nacionalmente e estadualmente em projetos de esquerda e localmente a gente sabe que existe uma oligarquia que vai passando aí e que a política é apresentada como se fosse herança. As pessoas têm essa dificuldade de achar que só quem pode disputar a política em Valente são aqueles que são filhos ou que nasceram em berço de ouro. Isso tem evidentemente mudado nos últimos anos, mas isso precisa melhorar muito. Tem muita gente boa que pode contribuir com Valente e que não nasceu em berço de ouro, ou em pseudos berços de ouro. Porque é importante lembrar que tem gente que acha que é uma cidade de milionários.

A gente pode construir uma política ainda maior, uma política participativa e quebrar com esta ideia de que política é herança. Política é para quem quer cuidar e quem gosta de povo. E é isso que eu acho que o PT de Valente se propõe a fazer, que nós estamos nos propondo a fazer e que Agnaldo e Ismael fizeram. 

É importante lembrar que quando Ismael deixou a prefeitura, não tinha uma única rua nos bairros populares mais periféricos que não tivesse sido calçada. E ainda deixou mais de R$52 milhões em caixa. É importante que a gente faça essa leitura. Então, isso não é um governo de uma pessoa e sim um projeto político.

É por isso que eu reforço que, Valente precisa reforçar a memória. Nós do PT somos um partido feito de correntes internas e que nem todo mundo entende como é que isso funciona, mas que é uma dinâmica dentro do partido. A gente tem posições que nem sempre convergem. Às vezes divergem e a gente consegue mesmo assim conviver com as nossas diferenças. Mas, o que mais une a gente são as nossas convergências.  Então, eu fico muito lisonjeado em saber que no meu partido a gente consegue divergir em tempo convergindo. Porque nem sempre a palavra centralidade vai ser dada por um determinado dirigente. Não é assim que funciona no PT. Eu tenho um partido amplo de diálogo e de democracia. Não é atoa que a gente tem um processo eleitoral direto onde todo mundo ganha politicamente, para poder contribuir, que é o PED – Processo de Eleição Direta.

Tytta Ferreira – Eu acho que Valente tem tudo para ser dirigida por um prefeito ou uma prefeita que goste de tocar e de construir a política pública. Valente é um município que tem um carinho especial do governador. Ele foi formador de muita gente em Valente. Foi um dos meus formadores quando eu estava no Fórum da Cidadania, na rádio Valente FM e na Rede de Jovens do Nordeste. Jerônimo foi um dos nossos formadores em diversos momentos e ajudou nesse processo de formação. Ele conhece e gosta de Valente. Ele tem muitos amigos no município e eu me enquadro e tenho uma relação muito forte com o governador de carinho e de respeito. Assim eu sei que outros também nutrem essa mesma relação internamente, no PT de Valente. Então a gente tem uma relação próxima do Governo do Estado, daquele que opera hoje no estado e nós temos figuras em espaços estratégicos, como eu falei anteriormente. Nós temos Leninha, Ismael, Tytta e tantos outros. Nós temos deputados próximos que também têm compromisso com Valente e podem ajudar fortemente o município.

Para finalizar, o que o prefeito de Valente precisa ter é o respeito do povo. Não pode ser um prefeito que vendo a escassez que a gente tem hoje de empregos, coloca mais de 30 pessoas da família de forma direta e indireta para dentro da prefeitura. Isso tem que ser revisto e apurado. Precisamos de um prefeito que pense em gerar desenvolvimento para o município. Um prefeito que consiga ouvir tanto a situação, como também ouvir a oposição, porque é essencial esse debate na política. Então é importante viver com contraditório. A política é a arte do diálogo, mas que tem como objetivo a melhoria de vida do povo. Precisamos de um prefeito que consiga gerar oportunidades, que consiga gerar instrumentos de pertencimento e de identidade. Então Valente tem tudo e tem os nomes para pensar a partir desse olhar. Eu acho que hoje, os nomes que estão colocados tentam dialogar, mas que o modelo atual não é o melhor modelo para permanecer no poder. Eu penso muito que é necessário que a oposição sente e dialogue. A gente tem condição de fechar em torno de um nome e que esse nome possa fazer enfrentamentos em nome de toda oposição e daqueles e daquelas que estão insatisfeitas com a atual gestão.

Com certeza Valente tem tudo para andar pra frente, foi conhecida como a capital do sisal, tem filhos ilustres –  tem um ministro que é Aroldo Cedraz do Tribunal de Contas.

Então, a gente tem tudo para sair na frente. Eu volto a dizer que a Superintendência Federal do Ministério de Desenvolvimento Agrário não é minha e sim do povo, e também do povo valentense. Eu sou aquele que hoje está à frente dela. Então, são vários instrumentos para que a gente possa contribuir e fortalecer e para que a gente garanta de verdade espaços que fomentem a política pública.

Eu queria fechar dizendo uma coisa: o nosso maior gargalo, o nosso maior instrumento de geração de renda é agricultura familiar. Nós somos muito fortes na agricultura familiar. Nós temos a Apaeb, Sicoob, FATRES e sindicato. Assim é importante que a gente faça isso. Que pensemos na agricultura como desenvolvimento. Que a gente pense no associativismo rural porque isso é importante demais. Eu volto a dizer que não vou me afastar da política de Valente. Muito pelo contrário, estou presente cotidianamente, porque eu quero o melhor para minha cidade onde eu tenho certeza que eu vou ficar o resto dos meus dias. Então para mim, Valente é a cidade que tem tudo para voltar a andar nos trilhos, porque o atual cenário onde a prioridade da atual gestão é garantir o emprego de seus familiares tem que acabar. A gente tem que trazer desenvolvimento e investimento para Valente.

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