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Opinião

O relato de uma mãe de um homem gay a respeito do texto do SH

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Por Eduardo Frederico

O perfil de Eduardo Frederico é o de um jornalista que por assinar todas as matérias pode falar o que quer.

Na maioria das vezes somente por entender que está certo se garante como salvador da pátria. Só que assim como um médico que por excesso de confiança ao invés de salvar o paciente o mata, os meus  textos assim se arriscam.

Nada importa, só o coração de uma mãe

Até pouco antes da meia noite quando o telefone tocou e uma senhora muito educada se apresentou como mãe de um homem gay, a minha crença era a de que todos estavam fazendo pressão como retaliação aos meus textos políticos.

A conversa não parecia caminhar para lugar algum nos primeiros instantes, pois na minha cabeça soteropolitana onde rolam festas LGBT+ com nomes bastante “sugestivos” como Gay Party, Mônaland, BibaOne ou mesmo o escandaloso bloco das Cuviteiras no carnaval de Salvador, as colocações escritas no texto não me pareciam coisa demais. 

Mãe

Ao escutar calmamente as palavras dela foi impossível não acionar o “shut down” nas minhas verdades. Era o meu materialismo cultural versus a humanidade metafísica dela.

Em nenhum momento até a ligação desta senhora o concretismo dos outros fazia sentido. Era a Valente dos homens preconceituosos versus a minha Salvador do vale-tudo.

Muito bom ter sido alertado por esta mãe para o caráter afetivo tão repetido nas aulas de psicologia, mas que me ficou completamente esquecido até então.

De imediato me veio a lembrança da carta resposta de Freud a mãe de um homem gay onde aparecia o seguinte teor:

“Minha querida Senhora,

Lendo a sua carta, deduzo que seu filho é homossexual. Chamou fortemente a minha atenção o fato de a senhora não mencionar este termo na informação que acerca dele me enviou. Poderia lhe perguntar por que razão? Não tenho dúvidas que a homossexualidade não representa uma vantagem, no entanto, também não existem motivos para se envergonhar dela, já que isso não supõe vício nem degradação alguma.

Não pode ser qualificada como uma doença e nós a consideramos como uma variante da função sexual, produto de certa interrupção no desenvolvimento sexual. Muitos homens de grande respeito da Antiguidade e Atualidade foram homossexuais, e dentre eles, alguns dos personagens de maior destaque na história como Platão, Michelangelo, Leonardo da Vinci, etc.

É uma grande injustiça e também uma crueldade, perseguir a homossexualidade como se esta fosse um delito. Caso não acredite na minha palavra, sugiro-lhe a leitura dos livros de Havelock Ellis.

Ao me perguntar se eu posso lhe oferecer a minha ajuda, imagino que isso seja uma tentativa de indagar acerca da minha posição em relação à abolição da homossexualidade, visando substituí-la por uma heterossexualidade normal. A minha resposta é que, em termos gerais, nada parecido podemos prometer. Em certos casos conseguimos desenvolver rudimentos das tendências heterossexuais presentes em todo homossexual, embora na maioria dos casos não seja possível. A questão fundamenta-se principalmente, na qualidade e idade do sujeito, sem possibilidade de determinar o resultado do tratamento.

A análise pode fazer outra coisa pelo seu filho. Se ele estiver experimentando descontentamento por causa de milhares de conflitos e inibição em relação à sua vida social a análise poderá lhe proporcionar tranquilidade, paz psíquica e plena eficiência, independentemente de continuar sendo homossexual ou de mudar sua condição.

Se a senhora mudar de ideia ele deve ser analisado por mim – e não espere que eu vá – ele terá de vir a Viena. Não tenho a intenção de sair daqui. No entanto, não deixe de me responder.

Sinceramente meus melhores desejos, 

Freud”

Sinceras desculpas

Impossível não aprender com esta situação e policiar minha vaidade quanto a certeza de meus textos salvarem vidas. 

Assim, peço humildemente desculpas as pessoas que tenham tido qualquer sofrimento emocional com os pontos sensíveis violados pelo texto. 

Claro que assumo toda responsabilidade sobre consequências – não poderia ser diferente.

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