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Artes Visuais

SUZART A EXPRESSÃO DA CRIATIVIDADE ESPONTÂNEA

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A força da arte se manisfesta de várias formas e muitas vezes brota em ambientes que normalmente não seriam propícios ou esperados por aqueles que têm seus pensamentos e ideias preconcebidos. É esta mágica que envolve a criação, e a arte é essencialmente o momento em que o ser humano parte para conceber algo novo, algo que sai das suas entranhas envolvido nos conhecimentos e visões que adquiriu através do tempo. A liberdade de criar é o combustível e por ela sempre teremos que lutar para que cada ser humano, e em particular cada brasileiro, expresse livremente seus sentimentos neste momento sublime ato de criar e se expressar sem a preocupação de ser impedido pelo preconceito de outrem ou pela força do Estado. O artista que vou falar hoje é um criador nato, um libertário porque aprendeu quase sozinho a desenhar e pintar e hoje continua transitando livremente em várias técnicas com a maior espontaneidade. Desde criança que pinta e até expôs suas primeiras obras na cidade de Cachoeira-Ba ao lado do competente e na época já com idade avançada o Dante Lamartine, recentemente falecido. Seu nome de batismo é Valdiney Souza Suzart, nascido em dez de janeiro de 1967, na cidade de Feira de Santana, mas que foi criado entre as cidades de São Félix, Cachoeira e Muritiba, todos municípios baianos. Atualmente mora na cidade de Muritiba e de lá através as redes sociais mostra ao mundo sua arte assinando Suzart, o nome artístico que escolheu para identificar a autoria de suas obras nos vários estilos que as cria.

Obras surrealistas de sua autoria


Sua família é formada por muitos policiais militares e civis e seu pai foi delegado de polícia em alguns municípios do Recôncavo baiano e ao se aposentar foi ser o chefe de segurança na Barragem Pedra do Cavalo, que reserva água para ser redistribuída pela Embasa para Salvador e várias outras cidades. O Suzart fez seu curso primário e primeiro ano ginasial no Colégio Estadual de Cachoeira e terminou o ginásio no Colégio Estadual João Batista Pereira Fraga, em Muritiba. Lembra que na sua adolescência gostava muito de jogar bola na rua e que fez sua primeira exposição de desenhos na escola onde estudava, e logo depois fez a segunda na Praça do Cinema, em Cachoeira, juntamente com o Dante Lamartine e outros artistas. Sua primeira individual foi na sede do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN, também em Cachoeira.

Quatro cartuns onde sobressai o seu traço inconfundível

APRENDEU SOZINHO


É um autodidata não frequentou a Escola de Belas Artes, da Universidade Federal da Bahia, e nem mesmo os cursos livres nas Oficinas de Expressão Artística do Museu de Arte Moderna da Bahia ou em outro qualquer lugar, e lembra que começou mesmo a pintar em 1981. Sua arte brotou livre, e posso afirmar que tem um desenho de alto nível, com um traço que o identifica. Foi seu pai que era policial que comprou um cavalete, tintas e pincéis quando percebeu que seu filho ainda criança tinha uma tendência natural para a arte. Seus pais Valdomiro Suzart e sua mãe Dima Souza Suzart naturalmente tinham a preocupação com o futuro do filho e sempre o incentivaram a ter uma profissão paralela. Na época fazer concurso para o Banco do Brasil ou Petrobras eram algumas das boas opções para àqueles que não foram estudar numa faculdade. Mas, de nada adiantou porque o Suzart não perdeu o foco e só queria continuar pintando e melhorando a qualidade de sua arte.
Mas, com o decorrer dos anos o menino pintava cada vez mais, inicialmente com uma tendência a fazer obras surrealistas e hoje Suzart pode pintar uma paisagem em estilo tradicional como criar obras em outros estilos diferenciados. Mas, o que ele demonstra força é no seu desenho de traços finos e elegantes e nas pinturas com arabescos. Disse que as obras que lhe dão mais trabalho são aquelas onde ele pinta as figuras envolvidas em arabescos e que pode até levar mais de um mês para terminar uma delas. Ele também faz cartum, ilustração de livros, gravuras, pinturas e charges. Tem uma facilidade incrível em desenhar e mais recentemente está fazendo umas aguadas. São pinturas onde o artista mistura em diversas quantidades de água ou álcool uma tinta e dilui em intensidades de cor e assim surgem várias tonalidades no papel ou em outro suporte. As tonalidades aparecem mais espessas que as da aquarela.

Obra com a imagem envolvida em arabescos que dá mais trabalho.


Suzart vai ao ateliê todos os dias. Chega pela manhã, sai para almoçar e retorna para continuar. Disse que às vezes vai até aos sábados e domingos vai trabalhar no seu ateliê, principalmente quando tem um trabalho sob encomenda para entregar. Vive exclusivamente da sua arte, e embora more na vila que foi edificada quando da construção da Barragem do Cavalo, para os funcionários, em Muritiba, mantém regularmente publicações nas redes sociais. Procurou aprender ao longo dos anos várias técnicas para expressar a sua arte e tem consciência da necessidade de valorizar cada vez mais o seu trabalho. “Não quero vender por vender a qualquer preço, tenho clientes que colecionam a minha arte e até já vendi para vários países. Porém, como vivo da arte às vezes posso ser obrigado a vender uma obra por um preço mais acessível já que preciso sobreviver e a dispensa de minha casa não pode ficar vazia”, confessou Suzart. Falou ainda que muitas vezes pode estar sem entusiasmo para continuar criando suas obras em determinado estilo, por exemplo quando está pintando com elementos do surrealismo, ele muda para o figurativo ou expressionismo e assim vai diversificando sua forma de criar. Atualmente está trabalhando numa obra de tamanho considerado grande para uma cliente que vem de Portugal para buscar a obra. Afirmou que não tem trabalhado com galeristas porque eles querem colocar preços bem abaixo dos que normalmente pratica junto aos colecionadores e clientes. Também que não “adianta vender muito a qualquer preço, tenho que valorizar o meu trabalho.” Lembrou por exemplo que toda família de classe média de Cachoeira e outras cidades possuem uma obra Dante Lamartine, mas que ele sempre viveu em dificuldades. Eu tenho dois autorretratos que ele fez quando tinha vinte e nove anos de idade e que o Cicinho que começou a pintar e ser reconhecido depois dos 70 anos de idade, quando estava aposentado da Leste Brasileiro, onde trabalhou por longos anos.

Cartazes de exposições e foto de exposição no exterior


Foi premiado na V Bienal do Recôncavo com uma instalação feita com seis panelas que recolheu em casa e com seus amigos e vizinhos que denominou As Marias. Segundo Pedro Archanjo, diretor do Centro Cultural Dannemann na época o artista “indicou a trajetória para a elaboração de um discurso estético contemporâneo, nos possibilitando acreditar que estamos contribuindo com a articulação de fragmentos para a construção de uma linguagem cultural, visceralmente regional, não regionalista, que nos permite dialogar com o universal a partir de uma linguagem própria”. O Suzart recolheu essas panelas, de alumínio e apenas uma de aço inoxidável e deu uns cortes com um formão e os transformou em objetos de arte. Ele disse “tive um trabalho danado para cortar a de aço inoxidável com o formão. Não queria cortar numa serralharia. Os cortes tinham que sair imprecisos e irregulares”. Com esta premiação o Suzart foi para Berlim onde expôs e participou de um Workshop, depois foi para Dakar, Ghana e Miami mostrando a sua arte.

Mulher Negra com símbolos do candomblé


A viagem que fez para os Estados Unidos aconteceu por acaso. Ele estava em Cachoeira na Fundação Hansen Bahia quando apareceu por lá um professor Jean Muteba que estava organizando um encontro internacional e o convidou para participar do African Diáspora Identities (Identidades da Diáspora Africana) em 2005 na Flórida, nos Estados Unidos. Ele inclusive na primeira oportunidade lhe perguntou por quê tinha escolhido ele já que era um homem branco e o congresso era sobre a arte negra. Segundo o artista o autor do convite disse exatamente porque você faz uma arte com influência e simbolismos africanos e não uma arte tradicional. Em Berlim, na Alemanha, participou juntamente com vários artistas africanos do IntrAfrica + África Meets South-América Meets Europe com Olu Amoda, da Nigéria; Kossi Assou, do Togo; Salif Youssouf Diabagaté, de Elfendeinküste; Akwele Suma Glory, de Ghana; Sidy Seck, do Senegal, Jean-Marc Siangue, de Kameron; Valdiney Souza Suzart, Brasilien e Werner Reister, da Alemanha.

Obra feita em 2003 no workshop, em Berlim, na Alemanha.


EXPOSIÇÕES E PREMIAÇÕES

EXPOSIÇÕES INDIVIDUAIS – 1994 – Centro Cultural DANNEMANN, São Felix – Bahia ; 1997 – Museu de Arte Contemporânea ((MAC), Feira de Santana – Bahia ; 2000- Casa da Cultura Galeno Dr. Ávelírio, Cruz das Almas – Bahia; Fundação Museu HANSEN da Bahia, Cachoeira- Bahia; Espaço Calasans Neto, Teatro Jorge Amado, Salvador – Bahia; 2001 – Instituto Cultural Brasileiro na Alemanha (ICBRA), Berlin; O Pouso da Palavra galeria, Cachoeira-Bahia; 2005 – Grahan Center Art University, Miami – EUA; 2012 – Caixa Cultural Salvador-Salvador-Bahia; Caixa Cultural São Paulo-São Paulo; 2014- O Pouso da Palavra Galeria, Cachoeira-Bahia.
EXPOSIÇÕES COLETIVAS – 1989 – Panorama Galeria de Arte, Salvador- Bahia; 1984,1987 e 1989 – Museu SPHAN Pró – Memória, Cachoeira- Bahia ; 1998 – Museu de Arte Contemporânea (MAC), Feira de Santana- Bahia; 1998 e 1999 -Instituto do Patrimônio Histórico e Cultural (IPAC), Cachoeira – Bahia; 1999 -Associação Cultural Brasil – Estados Unidos (ACBEU), Salvador – Bahia ; 2003 – Goethe Institut, Berlim – Alemanha ; 2004-Ghana-Africa; Senegal-África; 2005 – Camarões-África; 2006 -Centro Cultural Correios – Salvador-Bahia; 2007 – Kfua Galeria- Cachoeira-Bahia; 2008 -Café e Arte; 2010 – Pouso da Palavra-Cachoeira -Bahia; 2011 – Sobrado Arte Design-Salvador-Bahia; 2013, 2014 e 2015 ,2016,2017 e 2018 – Pouso da Palavra, Cachoeira-Bahia .

Suzart no ateliê após concluir obra


SELECIONADO: 1981 – I Bienal do Recôncavo, Centro Cultural Dannemann, São Félix- Bahia; 1993 – II Bienal do Recôncavo, Centro Cultural Dannemann, São Félix –Bahia; 1998 – IV Bienal do Recôncavo, Centro Cultural Dannemann, São Félix- Bahia; 1999 – Salão Regional de Artes Plásticas da Bahia, Feira de Santana- Bahia; 2000- V Bienal do Recôncavo, Centro Cultural Dannemann, São Félix-Bahia; 2002 – VI Bienal do Recôncavo, Centro Cultural Dannemann, São Félix – Bahia.
PREMIAÇÕES: 1998 – Prêmio Destaque Especial do Júri – IV Bienal do Recôncavo; 1999 – Menção Honrosa – Salão Regional de Artes Plásticas da Bahia; 2000 – Grande Prêmio Viagem à Europa – V Bienal do Recôncavo.

PARTICIPAÇÃO: 2003 – Workshop INTRAFRIKA+ em Berlim, Alemanha.

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